Particularmente, acho que esse imbroglio envolvendo a atriz Suzana Vieira e seu marido Marcelo Silva deveria ser tratado pela mídia como mais um caso trágico de overdose de cocaína, focando a droga como o problema principal, mas a Globo e seus veículos transformaram em um dramalhão global. A cidadã Suzana se viu protagonizando mais um papel da sua carreira de atriz, e o pior, sem nem receber por isso, ao revés, sofrendo pelo acontecido.
A revista Época, das Organizações Globo, trata o Marcelo, ex-policial, como "galã de subúrbio". Outrora chama-o de "anônimo que tirou a sorte grande casando-se com uma estrela da TV".
De outra parte, a mídia critica o fato da Suzana ter se envolvido com um homem mais jovem, como se isso fosse exclusividade da parcela masculina da sociedade. A imprensa brasileira desta semana deixou a impressão no leitor de que tudo aconteceu porque Suzana Vieira, de 66 anos, cometeu a heresia de se apaixonar por um homem 28 anos mais moço. Ficou no ar a pergunta, "também, o que ela queria?" (Observatório da Imprensa).
Condenável o preconceito dirigido a Marcelo ou a Suzana. Condenável tornar um final de relacionamento trágico numa novela global.
Mas, condenável mesmo é a mídia perder a oportunidade de focalizar o aspecto mais grave dessa história toda: a cocaína. O Marcelo, segundo consta, teria se envolvido com drogas desde os 14 anos de idade. Morreu aos 38 sem conseguir com êxito se ver livre dos entorpecentes.
Acredito que esse seja o verdadeiro drama. E acredito que mais uma vez os meios de comunicação infringem a Constituição Federal ao enaltecer o lado dramaturgo do caso e esquecer o lado pedagógico que o mesmo poderia oferecer.
Isso sem falar no comentário preconceituoso e colérico da apresentadora Ana Maria Braga em programa de rede aberta da Rede Globo, ao taxar Marcelo Silva de "mau-caráter" e chegar a dizer que se ele "sumisse da face da Terra seria ótimo", isso um mês antes dele vir a falecer.
Vivendo um imenso drama pessoal (relacionamentos amorosos problemáticos, drogas, perda do emprego...) Marcelo Silva passou a ser o vilão de toda a sociedade, a ponto de ser xingado, abordado e agredido por cidadãos nas ruas do Rio de Janeiro.
Logo, vê-se que a mídia, principalmente a televisiva, que tem uma maior penetração na população, optou por abordar a questão pelo lado mais espetaculoso, gerando conseqüências nefastas à pessoa do Marcelo. E por assim dizer são diretamente culpadas pelo suicídio eventual do rapaz.
Segundo a Constituição Federal, art. 221, "A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;".
Dessa forma, vê-se que a cobertura dada pela mídia televisiva ao caso não teve caráter educativo, muito menos informativo, portanto não cumpriu o que a Carta Maior estabelece. Seria informativo se abordasse a questão das drogas e de como elas destroem as pessoas e as famílias, o que era o verdadeiro problema de fundo, causa e conseqüência de todos os atos que foram retratados pela mídia.
Concluo dizendo que a mídia nativa está cada vez mais para os tablóides ingleses sensacionalistas do que para a BBC. É uma lastimável pena.
Márcio Lacerda de Araújo
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