Blog do Brizola Neto
A questão da transposição das águas do Rio São Francisco sempre esteve nas manchetes, polêmica que é. Mas existe uma questão que não pode separar defensores e opositores desta obra. É a destruição do “Velho Chico”, que tem na produção de carvão a partir das matas de cerrado que cobrem sua bacia - o entorno do próprio rio e de seus afluentes - a sua maior ameaça.
O IBGE divulgou hoje que, entre 2000 e 2007, foram produzidas cerca de 350 mil toneladas de carvão vegetal a partir das árvores da região.
Os principais consumidores deste carvão são grandes indústrias siderúrgicas mineiras, que precisam dele para transformar ferro em aço. Subindo para o nordeste, a produção de gesso passsa a ser o grande vilão, tendo desmatado, só em 15 municípios pernambucanos, mais de um milhão de hectares.
Claro que é preciso repressão a esta atividade. Sobretudo, na ponta das empresas que compram o carvão de forma a encobrir sua oriem irregular. Mas também nas estradas, nos entrepostos e até nas cidades, onde restaurantes e pizzarias compram lenha irregular para seus fornos.
Mas não se pode simplesmente tirar o meio de vida - vida dura, suja, explorada - de milhares de famílias da região sem oferecer-lhes meios para subsistir.
O combate a esta devastação passa, sim, pela repressão aos beneficiários e traficantes de carvão irregular. Mas não funcionará sem que se dê dignidade a milhares de homens, mulheres e crianças que vivem e trabalham nas carvoarias clandestinas.
Gostaria de saber até quando as Autoridades competentes vão tolerar esse tipo de abuso praticado por aqueles que produzem o carvão vegetal e fazendo vista grossa para os problemas ecológicos e sociais advindos da prática dessa devastação, permitindo, ainda, que pessoas pobres sejam exploradas, por não terem outro meio de vida senão esses, e que Indústrias Ciderúrgicas e outras continuem comprando carvão de forma irregular. Como diz Boris Casoy: É uma vergonha!
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