300 Posts, para um blogueiro iniciante é muito, pois poucos posts foram de minha própria lavra.
Com a queda da exigência do diploma de jornalismo, abstive-me de opinar sobre essa questão tendo em vista que, diante da minha formação jurídica, não poderia tecer uma posição técnica, sem paixões, sem a leitura do processo.
Pois bem, esse Post 300 serve como um editorial do Blog do Magrello, e o assunto em questão trata do exercício jornalístico e a atividade política. O que me inspirou a escrever foi uma nota publicada no Jornal Correio da Paraíba, neste último domingo, na coluna do jornalista multimídia Abelardo Jurema, informando que o mesmo irá se candidatar à deputado federal pela Paraíba nas próximas eleições.
Aposto firmemente na possibilidade de Abelardo - como homem público assim o podemos chamar - se eleger; em que pese achar que o mesmo, ao representar a Paraíba no Congresso, venha a tomar posições reacionárias e conservadoras, tipo a "A coluna entende..." assumidas pessoalmente em sua trintenária coluna social, posições das quais - na maioria - o Blog do Magrello tem frontal divergência de ordem ideológica, como por exemplo a oposição sistemática contra tudo do Presidente Lula.
Cito, a propósito, nota preconceituosa da coluna publicada hoje, quarta-feira, 22 de julho de 2009: "GOSTO REFINADO Ao longo dos tempos, o presidente Lula foi apurando o gosto pelo refinamento, comprovado sempre que vai à França, hospedando-se no hotel 'Le Meurice', que cobra diária de 5 mil reais, e onde se costuma encontrar astros e estrelas da música e do cinema mundial. Lula foi se encontrar com Dona Marisa que estava a passeios com os netos...".
Gostaria de comparar essa informação com outras similares, da mesma natureza, como as de outros chefes de estado ou como a do próprio FHC, que adorava a França mais do que Lula. Ah, Lula, assalariado que é, está de férias, é um direito do trabalhador. Por opção, empresário ou profissional liberal não tira férias, e por isso não podem condenar quem as goza.
Faz muito tempo, penso eu que a atividade jornalística, por influir na opinião pública, deveria ter na legislação eleitoral previsão de restrições à utilização dos meios de comunicação de massa pelos jornalistas que pretendam disputar cargo público. Em razão, ainda, da recente decisão do Supremo Tribunal Federal, daí que urge e é necessária uma revisão pontual na legislação, pois agora qualquer um pode aparecer na TV a se dizer jornalista mas com o intuito simulado de massificar o seu nome por razões eleitorais.
Na verdade, tem-se uma classe profissional tratada desigualmente em relação às demais no que diz respeito aos direitos políticos, portanto, essa situação atenta o princípio da igualdade. É bom lembrar que todas as profissões são livres quanto ao seu exercício, mas podem sofrer regulamentação e restrição por parte da lei, conforme dispõe a Constituição Federal.
Em conclusão, juntando as peças, Abelardo Jurema tem uma coluna diária há 34 anos no jornal de maior circulação do estado, tem um portal na internet, tem uma agência de publicidade, e, por último, tem um programa dominical, tipo revista da TV da Paraíba de grande audiência.
Só espero que ele, seguindo a virtude e a ética de seu pai, Abelardo Jurema, ex-Ministro da Justiça no Governo do Presidente João Goulart, progressista e vítima de um covarde golpe militar, não ultrapasse os "standards" éticos da profissão.
Márcio Lacerda de Araújo
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