segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Roberto Marinho e a NEC - mais um escândalo

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Paulo Henrique,


Antônio Carlos Magalhães em seu período como ministro das Comunicações.

Em 1986, levou Mário Garnero, principal acionista da NEC do Brasil (poderosa empresa de telecomunicações e subsidiária da Nippon Electric Company), a entrar em insolvência através da suspensão de pagamentos de grande porte do governo. Logo depois, em outubro de 1986, Garnero transfere o controle acionário da NEC a Roberto Marinho.

ACM nega interferência no caso, diz que a Telebrás, com quem a NEC mantinha negócios, suspendeu pagamentos quando a NEC deixou de cumprir contratos de entrega de peças, até que a NEC ameaçou uma onda de demissões; o Ministério das Comunicações, então, para “impedir que isso acontecesse”, dava “o dinheiro para o pagamento dos salários dos trabalhadores, com o compromisso de que não houvesse dispensa”. Quando questionado a respeito de Roberto Marinho haver entrado para o quadro acionário da empresa, ACM é categórico: “não sei, isso não me dizia respeito”.

Na época, entretanto, ele dizia que “mudo de nome, mas não dou um tostão de dinheiro público a este malfeitor [Garnero]“. ACM diria ainda, após discussão judicial do caso, que “não discuto a decisão judicial, mas não serei o primeiro a alforriar uma pessoa nacionalmente conhecida como inidônea”. A NEC, na época, era responsável por 80% dos equipamentos da rede de microondas da Embratel, e o pagamento para “evitar demissões” só foi feito para que o caso não espirrasse em outras áreas do governo.

Feita em outubro de 1986 a transferência dos 51% de capital votante da NEC de Garnero para Roberto Marinho pelo valor de US$ 1 milhão, tanto a Telebrás quanto suas 30 subsidiárias retornaram à normalidade de pagamento das encomendas. A transferência de ações era avaliada pelos sócios japoneses da NEC em cerca de US$ 360 milhões. Em janeiro de 1987 a retransmissão do sinal da Rede Globo na Bahia era transferida da TV Aratu para a TV Bahia, de propriedade de familiares de ACM, que nega a vinculação entre este fato e o caso NEC; segundo ele, “terminou o contrato com a TV Aratu, que até então retransmitia a Globo. Era mais do que óbvio que, no dia em que eu tivesse uma emissora de televisão na Bahia – inauguramos em março de 1985 -, o Roberto Marinho, quando acabasse o contrato da Globo com qualquer outra emissora, transferiria o direito de retransmissão para mim. Ele é meu amigo desde 1959.” Outras fontes apontam, entretanto, que o contrato com a TV Aratu foi rompido pela Rede Globo de forma unilateral. O episódio o deixou rompido por longo período com a família de Luiz Viana, antigo aliado político sob cuja influência começou sua carreira como prefeito (Luiz Viana era governador à época, e o tratava como protegido).

Quando questionado sobre um certo padrão nas concessões de radiodifusão – políticos do interior do país – ACM negaceia, escapole, e sempre afirma ter agido dentro da mais estreita legalidade, e que, em todos os casos, “só havia um interessado pleiteando a concessão”, porque “economicamente não era um bom negócio”. Perguntado sobre a falta de critérios para as concessões, salvo o político, ACM não hesita: “E a qual critério você quer que se obedeça? Há algumas condições preliminares: ter capital para a instalação da emissora e qualificação do ponto de vista técnico. Se os candidatos preenchem essas condições, qual é o critério que você vai usar para selecionar o candidato vencedor?” O repórter pergunta: “Escolhe os aliados?” ACM responde: “sim, mas então quero saber qual o critério que o governo vai ter?”, e complementa: “será político sempre. Qual seria, então?” Quando questionado diretamente por que só um modo de pensar tem direito a ter rádio, e não o outro, respondeu na lata: “se o Lula fosse presidente da República, provavelmente ele não daria para os adversários dele no ABC, isso é coisa do poder. Ele daria? Você acha que ele daria?”

Além disso, foi um ministro das Comunicações que não via “nada de mais” no fato de uma pessoa ter rádio, televisão e jornal de uma só vez, e defendia a Rede Globo com unhas e dentes: “é bom para o Brasil saber que tem a terceira televisão do mundo, em qualidade. Que, se não fosse Roberto Marinho, o Brasil talvez não tivesse, porque as outras não são tão boas. Se você não tem orgulho de nada nesse país, tenha orgulho de ter a terceira televisão do mundo em qualidade, porque outros não têm, não fazem. E não fizeram por quê? Porque não têm competência. Ele, com o seu grupo, teve.”

Paulo Henrique , o feitiço virou contra o feiticeiro porque a Globo hoje,está sem
credibilidade de audiência e confiabilidade.


Por Marilda Conceição de Oliveira, comentário sobre a notícia "Serra se reune com PFL da Bahia na sede da Globo", matéria do Site Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim

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