domingo, 22 de março de 2009

O QUE VOCÊ NÃO VIU NA TABULAÇÃO DA PESQUISA DO DATAFOLHA, VOCÊ VÊ AGORA NA D...

Os números das pesquisas não metem: Dilma vai ganhar no primeiro turno

 
 

Enviado para você por Márcio através do Google Reader:

 
 

via Língua de Trapo de Lingua de Trapo em 22/03/09


SERÁ QUE ELE É ?


O BONZÃO QUE O PITU E OS INSTITUTOS DE PESQUISA
QUEREM NOS CONVENCER QUE SIM ?

Desde ontem estou escrevendo esta postagem e, até agora, estão sendo publicadas várias pesquisas, tanto em nível nacional quanto estadual, afinal, a pré-campanha promovida pelo Partido da Imprensa Tucana, o PITU, segue em ritmo acelerado.

Mas hoje, gostaria apenas de tratar de um aspecto em particular da pesquisa do Datafolha, que já foi, inclusive, questionada na blogosfera pelo emprego de uma nova metodologia para apurar a popularidade do Presidente Lula, onde, supostamente, é reduzido o peso das informações do nordeste e aumentado os da região sul, onde a resistência anti-lulista ainda é muito intensa.

Antes, contudo, um pequeno esclarecimento acadêmico:

Inferência estatística: é um importante ramo da Estatística que tem por objetivo fazer afirmações sobre um conjunto de valores representativo (amostra) de um universo. Tal tipo de afirmação deve sempre vir acompanhada de uma medida de precisão sobre sua veracidade. Para realizar este trabalho o estatístico coleta informações de dois tipos, experimentais (as amostras) e aquelas que obtém na literatura. As duas principais escolas de inferência são a inferência freqüentista (ou clássica) e a inferência bayesiana.

Pois bem, agora que vocês já têm conhecimento do conceito, sinto me à vontade para fazer inferências sobre os dados apresentados pelo Datafolha, sem que seja acusado de fazer proselitismo ideológico ou partidário a favor de Dilma Roussef, mas sim, de apresentar aos leitores deste Língua de Trapo a factualidade estatística, pois o Instituto Data Língua, entidade verdadeiramente sem fins lucrativos, não costuma engolir, facilmente, os contorcionismos estatísticos e a suposta isenção dos institutos de pesquisa.

- Mas do que você está falando o seu Língua?

O que estou dizendo é que a estatística nem sempre é utilizada para modelar a aleatoriedade e a incerteza de forma a estimar ou possibilitar a previsão de eventos futuros, mas sim, para determiná-los, como mera peça de persuasão ou convencimento, cujos fins estão posicionados, claramente, ao arrepio da moral e da ética.

Infelizmente isso é o que vemos acontecer, com enorme frequência, nos temas que envolvem os interesses políticos e as disputas partidárias, que são objetos de nossa análise, mas, que se estende também por outros segmentos, principalmente os que tratam de interesses comerciais em última instância. Ou será que ninguém nunca ouviu dizer num comercial de teve aquele clichê básico: os testes comprovam!

No caso em questão, a problemática que é suscitada é a de que nem todas as nuances sobre o resultados estatísticos foram explorados à exaustão pelo Datafolha. Digo à exaustão porque, numa situação normal, cujo interesse é a produção do conhecimento, nenhuma circunstância da pesquisa seria desconsiderada, mesmo porquê, este tipo de trabalho é altamente dispendioso e, dele se espera tirar o máximo de proveito.

Mas numa semana em que o Partido da Imprensa Tucana está eufórico pela queda da popularidade do Presidente Lula (até que enfim surtiu algum resultado a intensa campanha pró crise e da marolinha) e, embora os resultados apresentados por três institutos diferentes, o Datafolha, o Ibope e o Vox Populi, apresentam números distintos desta queda eles, curiosamente, esqueceram (terá sido de propósito?) de explorar (ou pelo menos de publicar) o que qualquer estatístico decente teria feito com os dados disponíveis.

Quero reiterar que não sou Estatístico de formação, apenas um Administrador de Empresas que, digamos assim, pelo zelo que guarda pelo exercício proficiente de sua profissão estudou, com afinco, esta disciplina durante sua graduação. E tem mais, este Língua de Trapo, diante de uma contingência acadêmica, andou até lecionando esta disciplina por quatro semestres consecutivos e, acho que me saí até bem.

Feitas todas estas considerações e as respectivas massagens no meu ego, agora vamos ao que interessa.

Não é preciso ser entendido em estatística para saber qual será a resposta mais frequente ao se perguntar para uma dona de casa qual seria a melhor esponja de aço. É claro que a resposta nem é preciso dizer e, assim se faz nas pesquisas de intenções de voto, onde políticos com extrema exposição na mídia são dados como preferência do eleitorado, mesmo que não sejam, do ponto de vista da qualidade, lá essas coisas, ou tenham um substituto à altura. O que é, certamente, diferente da esponja de aço citada, pois ela ainda é líder de mercado. É o que se chama de derivação imprópria em análise morfológica.

Mas a minha proposta aqui é justamente atenuar este efeito da exposição do candidato e, oferecer ao leitor uma visão mais crítica dos dados disponíveis na nota técnica disponibilizada pelo Datafolha.

O que temos à mão é o seguinte:

O Cenário 5 da pesquisa (quadro abaixo), que foi produzido por meio de questionário contendo uma lista pré estabelecida pelo instituto, perguntando-se ao entrevistado qual é o nome de sua preferência, cujo resultado final é o exposto a seguir:

Pergunta-se, ainda, se o entrevistado conhece o(s) nome(s) da lista para efeito de se estabelecer o grau de conhecimento pelo público do nome oferecido.

Depois de feita esta opção, pergunta-se ao entrevistado o grau de conhecimento ou certeza que ele tem sobre a escolha feita, que se divide assim: Bem informado; mais ou menos informado ou mal informado sobre o nome escolhido.

Não há nenhuma invenção em minha análise, apenas estabelecerei uma correlação entre o grau de conhecimento do público em relação ao nome pesquisado e a intenção de votos declarada na pesquisa, além, claro, de estratificar estes resultados nos três grupos mencionados anteriormente, ou seja, o dos bem informados, dos mais ou menos informados e dos mal informados, e, também, de uma posição consolidada. Confira na nota técnica em destaque, os trechos que embasam a nossa análise.

José Serra é o provável candidato à Presidência mais conhecido pelos brasileiros: 95% dos entrevistados afirmam conhecê-lo, mesmo que apenas tenham ouvido falar do tucano. Desses, 39% se dizem bem informados, 43% se consideram mais ou menos informados e 13% se dizem mal informados a respeito de Serra.

Ciro Gomes vem em segundo lugar nesse aspecto: 86% dizem conhecê-lo. Consideram-se bem informados a respeito do socialista 17%; mais ou menos informados são 44% e, mal informados, 24%.

Dizem conhecer a fundadora do PSOL, Heloísa Helena, 72%, dos quais se dizem bem informados a respeito de sua trajetória 16%, mais ou menos informados, 36%, e, mal informados, 20%.

Aécio Neves é conhecido por 62%, dos quais 13% se consideram bem informados a respeito do tucano. Um terço (30%) se diz bem informado e 19% se consideram mal informados sobre ele. Entre os que moram na região Nordeste, a taxa dos que declaram conhecer Aécio é de 49%.

Dilma Rousseff é a provável candidata à Presidência menos conhecida pelos brasileiros: 52% afirmam ter conhecimento da existência ministra da Casa Civil, percentual similar ao dos que dizem não conhecê-la (48%). Dos que conhecem, 12% se dizem bem informados, 24% mais ou menos informados e 16% mal informados a respeito dela. Entre os brasileiros que moram na região Sul a taxa dos que dizem conhecê-la chega a 60%.
É claro que com o emprego desta metodologia haverá uma alteração significativa da percepção e dos resultados, que embora não atenda aos interesses desinteressados do Partido da Imprensa Tucana, sem sombras de dúvidas, é ou deveria ser, do interesse dos marqueteiros de campanha de qualquer um dos postulantes, pois diz respeito a outros aspectos de percepção que não abordarei aqui.

Partindo dessa premissa, apresento o quadro abaixo contendo a correlação entre o grau de conhecimento do pesquisado pelo público e a intenção de voto declarada. Obtendo-se a razão entre os dois números, têm se o que vou definir, para efeito desta investigação, como o índice de aproveitamento de votos pelo candidato, com base no conhecimento do seu nome pelo público pesquisado.

Com base nessa forma de apresentação dos dados estatísticos, pode-se inferir que houve significativa alteração na classificação de intenção de votos, o que poderíamos chamar, também, de eficiência eleitoral. Demonstra, ainda, o índice de rejeição do candidato, de forma espontânea, sem que haja indução do entrevistado.

Neste tipo de pesquisa, o índice de rejeição também é apurado com base técnica de estimulação que, associado ao grau de exposição do pesquisado na mídia, com notícias favoráveis ou não e, combinando, ainda, com seu histórico na vida pública, induz, na maioria das vezes, que o pesquisado faça a opção com base nestes critérios. É a estatística a serviço do assassinato de reputações, ou da formação dos estereótipos que tanto a mídia gosta de explorar.

Vejamos então o primeiro quadro:


Vê-se, claramente, uma aproximação mais acentuada de Dilma Roussef, que ficaria em segundo lugar, seguida por Aécio Neves, Heloísa Helena e Ciro Gomes, embora Serra mantenha-se em primeiro lugar e, com um discreto aumento no seu índice de intenção de votos em relação ao cenário 5 do Datafolha.

Mas esta situação não persiste quando aplicamos o primeiro filtro, onde se compara a resposta dos entrevistados que se dizem bem informados sobre o candidato escolhido.

E é com base nestes mesmos estratos criados pelo Datafolha que fica evidente a disparidade entre a intenção nominal de votos, registrada no Cenário 5 com a intenção relativa, ou seja, aquela que parte do princípio da proporcionalidade e, que considera a ponderação como um fator crucial para eliminar o efeito "dois pesos e duas medidas" comum neste tipo de levantamento e, conseqüentemente, poder enxergar algo relevante do ponto de vista estatístico.

E é justamente neste segmento, onde eleitores pesquisados dizem que conhecem bem os candidatos que a situação se inverte, literalmente e, José Serra deixa a folgada primeira colocação para figurar em terceiro, logo após Dilma Roussef, sendo que Aécio lideraria, com Ciro Gomes em 4o. lugar e Heloísa Helena em último.

Pode-se, então, inferir que quem conhece bem José Serra não vota nele, ou ainda, que este tipo de eleitor seria aquele mais politizado e não suscetível ao Partido da Imprensa Tucana, que só adula os seus representantes e esfola a concorrência.

A verdade sobre Serra começa então ser revelada ao entrarmos no estrato dos "mais ou menos informados", onde percebemos o quanto ele se distancia dos demais concorrentes, conforme pode ser aferido no quadro abaixo.

A verdade sobre Serra começa então ser revelada, basta entrarmos no estrato dos "mais ou menos informados" que percebemos o quanto ele se distancia dos demais concorrentes, conforme pode ser aferido no quadro abaixo.

Chegou à hora da verdade, pode-se inferir, com toda propriedade que a estatística nos permite, que José Serra é o candidato dos ludibriados, aqueles que prestam atenção em tudo que o Partido da Imprensa Tucana, o PITU, produz de informação. E só estou chamando isto informação para não delongar por demais este post. Confira no quadro a seguir.


Para finalizar, vamos às inferências finais:

José Serra vale-se do esquecimento nacional, aquele que faz o povão esquecer que ele fez parte do desastroso governo de FHC, dos escândalos das ambulâncias, da Aston, do buraco do metrô, da polícia corrupta, do PCC controlando o sistema prisional paulista, das apostilas com dois Paraguai, do Prefeito ladrão de merenda escolar, enfim, de uma infinidade de catástrofes na gestão da coisa pública. Podemos chamá-lo de o candidato Bombril, sempre lembrado nas intenções, mas nem sempre é o que a dona de casa compra no supermercado.

O PSDB ainda vai se arrepender, embora eu não me importe com isso, de ter praticamente preterido Aécio Neves na sucessão Presidencial de 2010, pois esta tabulação indica que ele é muito mais promissor do que José Serra.

Ciro Gomes e Heloísa Helena, por sua vez, fazem o papel dos candidatos estereotipados, aqueles que carregam consigo a fama de falastrões despirocados, porra loucas, ou coisas do gênero, pois é essa a imagem que a mídia tucana faz dos dois, embora Ciro Gomes carregue no seu currículo o DNA tucano de Tasso Jereissati e, Heloísa Helena, quando se dispõe a malhar o PT e o Presidente Lula, sempre é posta sob os holofotes, mas só isso.

Por fim, nossa heroína, Dilma Roussef, que já demonstrou, vigoroso e consistente crescimento, desde quando o seu nome foi inserido pela primeira vez numa lista de pesquisa, não decepciona submetida à esta mesma metodologia de comparação.

Devo enfatizar que o que foi apresentado até agora são inferências estatísticas e não os contorcionismos que o Partido da Imprensa Tucana, às avessas da racionalidade matemática e, na maioria das vezes, à revelia da moral e da ética, pratica costumeiramente.

Bom domingo para todos,

 
 

Coisas que você pode fazer a partir daqui:

 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário