domingo, 30 de novembro de 2008
Crise? Que Crise?
Agência Estado - A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo caiu para 12,5% em outubro, segundo dados divulgados hoje pela Fundação Seade e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Essa é a menor taxa registrada para um mês de outubro desde 1992. O desemprego apresentou recuo de 1 ponto percentual em relação à taxa de 13,5% em setembro. Em outubro do ano passado, o desemprego estava em 14,4%. O total de desempregados na região foi estimado em 1,3 milhão de pessoas, 108 mil a menos que em setembro.
Comentário: a crise só está nos jornais e na TV Globo. E viva Lula!
Caso FAC: Abre-se uma nova estratégia para os recorridos
Trata-se, na verdade, de propor uma Medida Cautelar, no STF, logo após o julgamento e publicação do acórdão dos Embargos de Declaração e da liminar, para que não seja dado efeito suspensivo ao recurso extraordinário a ser interposto pelos advogados do Governador Cássio.
O fundamento é a grave violação da ordem pública que está ocorrendo na Administração do Estado desde o julgamento plenário do TSE (7x0), como antecipação de salários dos servidores, antecipação de pagamentos a fornecedores, inúmeras novas nomeações para cargos de confiança, computadores apagados, convocação extraordinária da Assembléia Legislativa para aprovação de projetos que ferem a Lei de Responsabilidade Fiscal, orçamentária e outras tantas que os veículos de comunicação noticiaram.
Esse quadro, certamente poderá fundamentar uma Medida Cautelar no STF, por parte dos recorridos, até antes da interposição do Recurso Extraordinário dos ora embargantes, com pedido liminar, pois configurado que está o periculum in mora inverso decorrente de uma possível atribuição de efeito suspensivo ao RE.
Em suma, desde do dia 20 de novembro, o perigo da demora estará configurado pela ausência de efetividade da decisão proferida naquela histórica sessão, o que permite o exercício precário do poder pelo atual Governador cassado. A ordem pública paraibana deve ser garantida agora pelo cumprimento da decisão de mérito e não pela manutenção liminar de um Governador triplamente cassado.
Só para constar, por aqui já se falou em fechamento das fronteiras do Estado e até em "levante pacífico" da população contra instituições do Estado democrático de direito, por líderes religiosos. Convenhamos, mais do que antes, a Paraíba merece o desfecho rápido e efetivo desse processo.
Márcio Lacerda de Araújo
Cinema, fotografia e Vidas secas
Cinema, fotografia e Vidas secas
Juliana Krapp, JB Online
Para marcar os 70 anos de lançamento do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, o
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Evandro lança a luxuosa edição de Vidas secas nesta segunda-feira, às 19h, na Argumento do Leblon. O livrão, em formato 24cm x 30cm, traz dezenas de fotos em preto-e-branco (algumas delas ilustram estas páginas, com trechos do romance), que acompanham o texto integral de Graciliano.
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Para compor seu ensaio, Evandro fez diversas viagens, em 2008, pelo interior de Alagoas e Pernambuco, acompanhando o trajeto de Graciliano Ramos por aquelas terras.
Esteve em Quebrangulo, onde o escritor nasceu; em Buíque, onde viveu parte da infância; e em Palmeira dos Índios, de onde foi prefeito.
– Fui buscar os personagens do Graciliano, que hoje não são mais os mesmos – afirma. – A miséria ainda existe, claro. Mas o sertanejo está mais alegre, mudado. O Bolsa Família transformou a vida no sertão.
Mudados, sobretudo, por aquilo que o fotógrafo chama, na abertura do livro, de “um inegável olhar de esperança no futuro”. “Uma nova afetividade no homem do sertão” que, agora, testemunha “a convivência das parabólicas nos casebres com a tradição da fé religiosa, do jegue com a motocicleta”. É, para Evandro, “o novo velho sertão”, diferente daquele que era tão-só “árido, dramático e seco”.
Negritei
Fonte: JBOnline
Ministro da CGU diz que corrupção em João Pessoa chegava a 25%
Ministro Jorge Hage, da Controladoria Geral da União (CGU), diz que corrupção em João Pessoa chegava a 25%.
Segundo o Ministro, em entrevista ao Jornal do Brasil Online, ao responder se era possível medir o efeito do controle à corrupção nas finanças públicas, ele disse que sim: "Fizemos uma auditoria na Prefeitura de João Pessoa (PA), junto com a polícia e o Ministério Público. Eu me recordo dos números no valor total das obras, um conjunto de obras viárias, eram R$ 80 milhões. Calculamos um prejuízo de R$ 20 milhões, ou seja, 25%."
Eu me pergunto em que gestão teria ocorrido tais desmandos?
Alguém tem uma dica???
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Cunha Lima poderá permanecer no cargo até julgamento final de recursos no TSE
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Brasília - Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral decidiram hoje (27), por 5 votos a 2, conceder liminar para que o governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), e seu vice José Lacerda Neto, cassados na última semana pelo próprio TSE, por 7 votos a 0, permaneçam no cargo até o julgamento de novo recurso. A concessão da liminar se baseou em argumentação do ministro substituto, Ricardo Lewandowski, que alegou a impossibilidade do Supremo Tribunal Federal (STF) analisar liminares sobre o caso, enquanto ainda couber recurso ao TSE. Ficaram vencidos o relator do processo, ministro Eros Grau, e o presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto. O governador é acusado de abuso de poder político e econômico, ao se valer, durante o período eleitoral de 2006, da distribuição de cheques para cidadãos do estado, por meio de um programa assistencial mantido pela Fundação Ação Comunitária , vinculada ao governo. O PSDB entrou com uma ação no Supremo contestando a decisão do TSE de dar posse ao senador José Maranhão. Os tucanos pedem que o STF determine a realização de nova eleição no estado, sob o argumento de que os votos atribuídos ao governador cassado passariam a ser considerados nulos. |
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Governador TUCANO da Paraíba CASSADO pelo TSE
fonte: O Combate
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Texto do frei Betto
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: ‘Como estava o defunto?’. ‘Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!’ Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito.
Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos.
A palavra hoje é ‘entretenimento’; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: ‘Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!’ O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas…
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno… Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do McDonald’s…
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: ‘Estou apenas fazendo um passeio socrático.’ Diante de seus olhares espantados, explico: ‘Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: ‘Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.’
(*) Frei Betto
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
O Brasil está a dar certo!
Por Tarso Genro - VALOR
“Economia já vive ciclo de expansão sustentável.” - Valor Econômico, 03/0
Em artigo publicado recentemente, o ex-presidente de Portugal, Mário Soares, apresentou suas impressões sobre a atual situação brasileira. Soares esteve no Brasil em fevereiro e percorreu três das mais importantes cidades brasileiras (São Paulo, Belo Horizonte e Brasília). Na ocasião, encontrou-se com o presidente Lula e com algumas de nossas mais expressivas lideranças oposicionistas - FHC, Aécio Neves e José Serra. O líder português constatou a existência de duas “realidades” bem distintas: uma encontrada nas páginas de nossos principais jornais e nas imagens da TV (que parece retratar um país “à beira de um colapso”); e outra verificada no cotidiano dos brasileiros (que percebem que seu país “está a dar certo”).
São dois “brasis” que não se comunicam e se estranham: um certo Brasil da mídia e o Brasil real. De um lado, na mídia, uma agenda de crise interminável e, de outro, o Brasil retratado pelo otimismo e pela ascendente relevância do país no cenário mundial. É o Brasil, segundo Soares, da “inflação baixa” e “controlada”, no qual o “emprego tem subido espetacularmente e a pobreza diminui de forma sensível”.
Naquele primeiro Brasil, o governo Lula é retratado com ironia, agressividade e parece não ter orientado um espetacular aumento das reservas internacionais (US$ 162,9 bilhões nos últimos 12 meses) ou uma expansão recorde das exportações. E menos ainda parece ter algum mérito a passagem do Brasil à condição de credor no mercado internacional, resultado obtido pela atual equipe econômica.
A crise da dívida, deflagrada há quase três décadas, encerra-se sob o governo Lula sem que a maioria dos cronistas credite este fato ao acerto do presidente na condução da política macroeconômica. Para o ex-presidente Mário Soares, onde Stefan Zweig enxergava um “país de futuro”, hoje é possível identificar uma “incontornável realidade” positiva.
Não se trata, por óbvio, de supor a existência um governo sem defeitos, mas sim de enfrentar um falso nivelamento, através do qual parte da mídia torna-se o centro de elaboração intelectual de um oposicionismo extremo. Vejamos, então, alguns dos principais argumentos que circularam nos últimos dois anos, cuja síntese podemos organizar em alguns breves postulados:
De um lado, uma agenda de crise interminável e, de outro, o Brasil retratado pela ascendente relevância do país no cenário mundial
1. “O Brasil vai bem porque o cenário internacional é favorável”: acadêmicos e técnicos - das mais distintas vertentes ideológicas - são categóricos ao afirmar que o país nunca esteve tão preparado para enfrentar uma turbulência externa como agora. É um cenário decorrente diretamente da redução da vulnerabilidade externa e da ampliação de nossas reservas internacionais - resultado obtido pelo atual governo.
2. “A política internacional de Lula vai fracassar”: a postura do Brasil, não apenas no que se refere às relações com o G-8 ou com os EUA, mas também em relação aos demais países de nosso continente, nos situa em uma posição destacada de referência política na América Latina. A posição do Brasil, por exemplo, diante dos incidentes diplomáticos envolvendo o Equador e a Colômbia, bem como os resultados da última reunião do Conselho Permanente da OEA, confirmam o acerto da política externa brasileira, que transforma o país em peça-chave do equilíbrio regional e em importante interveniente no cenário global.
3. “Lula segue fazendo o mesmo que FHC na área econômica, por isto estabilizou a economia”: este, sem dúvida alguma, é o mais visivelmente inverídico dos argumentos. A política de recuperação do valor real do salário mínimo, de reestruturação do setor público e a ampliação dos investimentos em infra-estrutura e em políticas sociais posta em prática pelo atual governo levaria, segundo a ortodoxia neoliberal, à elevação da inflação, do desemprego e da informalidade nas relações trabalhistas. Erro: de 2003 a novembro de 2007, foram criados no país 6,6 milhões de empregos com carteira assinada e o salário mínimo teve um aumento real de 46,7%. O país cresce há 23 trimestres consecutivos. O atual desempenho do PIB só encontra paralelo nos anos do “milagre econômico” do regime militar, com a diferença fundamental, agora, de associar crescimento econômico com distribuição de renda e respeito às instituições democráticas.
4. “O governo Lula é conivente com a corrupção”: omitem que o combate aos crimes de colarinho-branco teve um grande incremento no atual governo. Somente no ano de 2007, a Polícia Federal totalizou 457 capturas por suspeitas de improbidade, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, além de realizar outras 40 grandes operações. É possível afirmar que o país jamais combateu a corrupção como agora. Dezenas de investigações e operações que buscam “pessoas” - e não “partidos” - em ações delituosas foram promovidas e estão em andamento, cumprindo orientação direta do presidente, de combater sem tréguas à corrupção.
Por fim, cumpre informar que a opinião de Mário Soares encontra eco em outras análises realizadas por diferentes órgãos da imprensa internacional. A revista britânica “The Economist”, há algumas semanas exaltou em suas páginas o sucesso do programa Bolsa Família. Da mesma forma, o periódico londrino “Financial Times” dedicou-se, recentemente, a analisar o excelente momento econômico vivido pelo país. O jornal “The Guardian” não poupou elogios ao governo Lula, recentemente. Estas análises contrastam com artigos, veiculados no Brasil recentemente, que inclusive expressam “indignação” diante do fato de que beneficiários do Bolsa Família, com sua renda familiar, adquiram eletrodomésticos. Seria um consumismo absurdo!
Neste ritmo, provavelmente, nossos futuros historiadores terão de recorrer à imprensa internacional caso pretendam analisar, com alguma profundidade, o que sucede atualmente no país. É forçoso reconhecer, no entanto, que somente a liberdade de imprensa nos salva da treva absoluta da desinformação, ainda que as luzes estejam hoje concentradas em alguns periódicos ou páginas e blogs na internet, e mesmo em poucos espaços da chamada grande mídia, como prova a manchete deste jornal no dia 3 de março deste ano, citada como epígrafe.
Tarso Genro é ministro da Justiça.